O acessório não serve mais apenas para enxergar melhor.
Ele virou artigo de moda e ajuda a compor o visual
FILLIPE MAURO
Os óculos deixaram de ser simples corretivos para a visão e entraram no rol de artigos estéticos e itens de luxo. Muitos os usam sem grau e até sem lente. É mais um acessório para compor o visual. “O desejo de usar óculos sem necessidade de graduação abriu espaço inédito para novas formas de uso”, diz Francisco Ventura, autor do livro Olhar atento: como escolher e usar óculos(Editora Senac). “Hoje os óculos servem tanto para corrigir a visão quanto para disfarçar algum detalhe estético ou simplesmente compor o look do dia.”
A moda dos óculos sem lente surgiu no Japão já há algum tempo. Por aqui, não é tão comum encontrar alguém usando só a armação, mas há os adeptos das lentes sem grau. Com a enorme diversidade de formas e materiais, é possível dar uma renovada no visual com a simples troca da armação.
“As matérias primas são a grande evolução do mercado. Hoje existem materiais com alta resistência, antialérgicos, leves e duráveis”, afirma Ventura. Os “plásticos” mais comuns foram substituídos por acetato, que se modela melhor às proporções do rosto e aceita composições mais ousadas de cores e texturas. O titânio também é cada vez mais presente nas coleções, dado o bom casamento que proporciona entre leveza e resistência.
Óculos com armação de madeira da Gold & Wood.
Eles custam, em média, R$ 3.450 (Foto: Divulgação)
Designers e ourives transformaram os óculos em joias. E as marcas de grife criam coleções cada vez mais exclusivas para os amantes desses acessórios. A francesa Cartier apresentou no Brasil em setembro sua linha de óculos Maison, cujos modelos são feitos apenas sob encomenda. As armações vêm todas incrustadas de diamante e são folheadas a ouro 18 quilates, amarelo ou branco. Os valores são de arregalar os olhos (com ou sem óculos): vão de R$ 50 mil a R$ 250 mil. A peça Panthere Gold, por exemplo, traz 34 gramas de ouro amarelo 18 quilates, uma pantera esculpida em ônix preto e mais 167 diamantes nas cores branco, champanhe, rosa e chocolate.
Óculos modelo Panthere Gold, da Cartier.
A pantera é esculpida em ônix preto.
A peça tem 34 gramas de ouro amarelo 18 quilates e 167 diamantes
(Foto: Vincent De La Faille/Divulgação)
O escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) percebeu em meados do século XIX, e com bastante ironia, o apelo estético que os óculos carregavam e que hoje aflora. Na abertura do conto Os óculos de Pedro Antão, fala ele em três causas que aconselham o uso de óculos. Uma delas é “a moda, o capricho ou a galantaria”. Lembrando passagens do poeta português Rodrigues Lobo (1580-1622), dirá Machado de Assis que “quem quiser passar por verdadeiro homem do tom deve trazer, não direi óculos fixos que é só próprio de sábios e estadistas, mas estas famosas lunetas (...), que são úteis, cômodas e graciosas, dão bom aspecto, fascinam as mulheres, servem para os casos difíceis e duram muito”.
Como escolher bons óculos
Ao mesmo tempo em que cria maior liberdade de escolha, a enorme variedade de modelos também exige critérios mais seletivos para a escolha de bons óculos. Para Francisco Ventura, o primeiro passo da escolha ideal é avaliar o apoio nasal, certificando-se de que a armação se acomoda de forma confortável sobre o rosto. Depois disso, temos que verificar se as pupilas estão centralizadas com relação ao desenho dos óculos. Quanto mais centralizadas estiverem as pupilas, mais harmônica será a peça. A partir da pupila, também temos de calcular se a distância do centro até as extremidades da armação e do rosto carregam algum grau de simetria. Os óculos devem cobrir bem as sobrancelhas, bem como as olheiras. Também é importante que suas hastes não se desajustem sobre as têmporas: pressionando-as demais ou ficando muito soltas.
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